Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, vão se reunir na Casa Branca na próxima segunda-feira, 18. O ucraniano havia revelado o encontro na madrugada deste sábado e o republicano confirmou em uma publicação na rede Truth Social nesta manhã.
O encontro servirá para tratar dos próximos passos na tentativa de encerrar o conflito, que já dura mais de três anos, segundo os dois líderes. No X, o ucraniano disse que deseja se reunir conjuntamente com Putin e Trump e agradeceu o americano.
“Apoiamos a proposta do presidente Trump para uma reunião trilateral entre Ucrânia, EUA e Rússia. A Ucrânia enfatiza que questões-chave podem ser discutidas diretamente entre os líderes, e o formato trilateral é adequado para isso”, afirmou Zelensky. “Na segunda-feira, me encontrarei com o presidente Trump em Washington, D.C., para discutir todos os detalhes sobre o fim dos assassinatos e da guerra. Sou grato pelo convite”, acrescentou.
Segundo a agência Reuters e o jornal The New York Times, líderes europeus foram convidados para o encontro. Nenhuma das partes, no entanto, confirmou o convite e não foi revelado quem foi chamado.
Cúpula Russia e EUA
O encontro no Alasca terminou sem um acordo de cessar-fogo na Ucrânia, o principal objetivo da cúpula realizada no Alasca. As negociações duraram cerca de três horas — bem menos do que as sete horas previstas pelo Kremlin mais cedo nesta sexta.
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Em entrevista coletiva, ao lado do líder russo, Trump disse que conversas foram “produtivas”, mas que “não há um acordo fechado”, embora exista “uma boa chance de chegar lá”. Não é claro, no entanto, se as negociações resultaram em passos significativos em direção a um cessar-fogo no conflito mais mortal na Europa em oito décadas.
“Havia muitos, muitos pontos em que concordávamos — a maioria deles, eu diria. Alguns pontos importantes nos quais ainda não chegamos lá, mas já fizemos algum progresso”, disse Trump. A cúpula foi a primeira entre líderes dos dois países desde 2018, assim como a primeira entre russos e americanos desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Na sequência, o presidente americano afirmou que ligaria para líderes europeus e da Otan, a principal aliança militar ocidental, para atualizá-los sobre o conteúdo da reunião.
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“Vou ligar para a Otan daqui a pouco. Vou ligar para as várias pessoas que considero apropriadas. E, claro, vou ligar para o presidente [Volodymyr] Zelensky e contar a ele sobre a reunião de hoje. Em última análise, a decisão é deles”, disse Trump. O presidente ucraniano não foi convidado para a cúpula no Alasca.
Antes do encontro, aliados europeus haviam levantado preocupações de que Trump poderia reconhecer, mesmo que informalmente, controle russo sobre partes da Ucrânia, após o americano afirmar que “trocas territoriais” seriam necessárias para alcançar um fim permanente da guerra. Em caso de um eventual aval americano, líderes europeus temem que Moscou se empodere com o resultado e invada mais países.
Durante sua fala, Putin disse que a Rússia está “sinceramente interessada” em cessar o conflito na Ucrânia. Para um acordo duradouro, segundo o russo, é preciso “eliminar todas as raízes do conflito”, alertando também líderes ucranianos e europeus a não interferirem o “processo emergente” de negociações com os EUA.
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“Esperamos que Kiev e as capitais europeias percebam tudo isso de forma construtiva e não criem obstáculos, nem tentem interromper o progresso emergente por meio de provocações e intrigas de bastidores”, disse.
As condições da Rússia para um eventual cessar-fogo seguem inalteradas, segundo o Kremlin, girando em torno da retirada completa de tropas de Kiev das regiões que Moscou pretende anexar (cerca de 20% do território do vizinho) e o abandono das ambições ucranianas de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a principal aliança militar ocidental.
Após relatos na imprensa de que Washington entendia que o presidente russo, Vladimir Putin, estava pronto para ceder em suas demandas territoriais, o porta-voz adjunto do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexei Fadeev, rejeitou quaisquer mudanças.
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“A posição da Rússia permanece inalterada e foi expressa neste mesmo salão há pouco mais de um ano, em 14 de junho de 2024”, disse Fadeev, referindo-se a um discurso proferido por Putin na época no Ministério das Relações Exteriores. Atualmente, a Rússia controla 19% da Ucrânia, incluindo toda a Crimeia, toda Luhansk, mais de 70% das regiões de Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, e partes das regiões de Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk.
Entram também no pacote de condições, segundo as agências estatais russas Tass e Interfax, a retirada completa de tropas ucranianas dos territórios desejados por Moscou, a interrupção de fornecimento de armas e inteligência do Ocidente à Ucrânia, a limitação do Exército ucraniano, tanto na quantidade de tropas quanto armas, e realização de novas eleições. Putin não reconhece Volodymyr Zelensky como líder legítimo da Ucrânia, afirmando que ele teria continuado no poder ilegalmente neste ano (eleições estavam previstas, mas não aconteceram devido ao estado de guerra).
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