Morreu nesta sexta-feira, 23, o fotógrafo Sebastião Salgado, aos 81 anos, vítima de problemas decorrentes de uma malária que adquiriu nos anos 1990. O artista vivia em Paris. A notícia foi divulgada pelo Instituto Terra, fundado por ele.
Nascido Sebastião Ribeiro Salgado Júnior, em Conceição do Capim, distrito de Aimorés, interior de Minas Gerais, Salgado se tornou nome incontornável do fotojornalismo mundial, com projetos ambientados em mais de 120 países. Reconhecido por seu olhar apurado para a natureza e comunidades isoladas, ou marginalizadas, e por seu gosto pela estética em preto e branco, Salgado foi também um importante ativista contra a pobreza, a guerra e o desmatamento. Formado em Economia, fez doutorado na área na Universidade de Paris, na cidade francesa que se tornou seu lar.
Ao ficar encarregado de cobrir os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan, o fotógrafo registrou o atentado a tiros contra o então presidente americano. A venda da imagem para veículos de todo o mundo permitiu que ele financiasse seu primeiro projeto pessoal, uma ampla viagem pelo continente africano — a primeira de muitas.
Seu trabalho ganhou exposições ao redor do mundo e estampou projetos editoriais, sendo o primeiro o livro Outras Américas, de 1986, no qual retrata a pobreza na América Latina. Outro projeto colossal foi a série Trabalhadores, na qual ele registrou pessoas que faziam trabalhos manuais em diversos países, entre 1986 e 1992.
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No fim dos anos 1990, outro projeto colocou Salgado nos holofotes das notícias mundiais. O projeto Êxodos, no qual ele retratou por seis anos o deslocamento em passa de refugiados pelo mundo.

Não seria exagero dizer que a natureza foi a principal paixão das lentes de Salgado. Especialmente a Amazônia. Após mais de uma década íntimo da região, em 1994, ele criou a agência de notícias As Imagens da Amazônia e encabeçou diversos projetos em torno da floresta e seus habitantes. Em 2021, lançou o livro de fotos Amazônia, e, no ano seguinte, a coletânea Gênesis, sobre paisagens e pessoas intocadas pela modernidade dos dias de hoje.


Salgado era casado Lélia Wanick Salgado, parceira de vida, de ofício e de ativismo, e teve dois filhos, Juliano Salgado e Rodrigo. Cineasta, Juliano dirigiu ao lado de Wim Wenders o excelente documentário O Sal da Terra, sobre a vida e obra de seu pai, indicado ao Oscar em 2015.
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