Por Hieros Vasconcelos
A conta de luz vai pesar
mais no bolso dos brasileiros a partir deste mês de junho, e na Bahia
não será diferente. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
anunciou que, com a adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 1, os
consumidores pagarão R$ 4,46 a mais a cada 100 quilowatts-hora
consumidos. A medida, que já está em vigor, foi motivada pela redução no
nível dos reservatórios das hidrelétricas devido ao período seco, o que
obriga o país a acionar usinas termoelétricas, mais caras e poluentes.
O resultado é um impacto direto no orçamento das famílias, que precisam
lidar com mais um custo elevado num cenário econômico que já pressiona o
cotidiano da população.
A conta de energia
dos baianos já havia sido reajustada recentemente, em abril, quando a
Aneel autorizou um aumento médio de 2,05% para os clientes atendidos
pela Neoenergia Coelba. Com a aplicação da nova bandeira, a pressão
sobre o bolso da população se intensifica, atingindo em cheio famílias
de baixa renda, que têm pouco ou nenhum espaço para adaptar seus gastos.
Muitos consumidores já vêm adotando estratégias para tentar reduzir o
consumo, mas nem sempre isso é suficiente para conter os aumentos
sucessivos.
Maria das Dores, de 49
anos, empregada doméstica que mora em Sussuarana, conta que tem feito de
tudo para economizar. “Eu só deixo a luz da sala acesa de noite.
Ventilador, só quando não dá mesmo. A geladeira eu regulei pra potência
mínima, e tiro tudo da tomada quando saio”, relata. Mesmo com esses
cuidados, a conta chegou a quase R$ 200 no último mês. “A gente se
esforça, mas todo mês vem mais caro. Agora, com esse aumento novo, nem
sei o que fazer”, lamenta.
Especialistas em
eficiência energética recomendam uma série de práticas simples, mas
eficazes, para reduzir o consumo. Trocar lâmpadas comuns por modelos de
LED, que consomem até 80% menos energia, é uma das medidas mais
acessíveis. Aproveitar ao máximo a luz natural, mantendo janelas abertas
durante o dia, também ajuda a diminuir o uso de iluminação artificial. O
uso do chuveiro elétrico, um dos principais vilões da conta, deve ser
reduzido com banhos mais curtos e, sempre que possível, em temperaturas
mornas ou frias. Aparelhos como geladeira e ar-condicionado devem ser
mantidos em bom estado, com a limpeza dos filtros e vedação das portas
em dia.
Eletrodomésticos e
eletrônicos que ficam ligados no modo stand-by, como televisores e
micro-ondas, continuam consumindo energia, por isso é importante
tirá-los da tomada quando não estiverem em uso. Outra dica importante é
concentrar o uso de equipamentos como ferro elétrico, máquina de lavar e
secador de cabelo em horários fora do pico, preferencialmente no início
da manhã ou à noite, antes das 18h ou depois das 21h. Reunir roupas
para passar ou lavar tudo de uma vez só também ajuda a evitar
desperdícios.
Em residências com
muitas pessoas, uma medida que pode surtir efeito é criar uma “política
da economia”, envolvendo todos os moradores na missão de reduzir o
desperdício. Ensinar crianças e adolescentes a apagar as luzes ao sair
dos cômodos e a não abrir a geladeira sem necessidade, por exemplo,
contribui para manter o consumo sob controle. Com planejamento e
disciplina, é possível amenizar o impacto das tarifas, mesmo com as
condições adversas impostas por decisões externas ao controle do
consumidor.
O aumento da energia
elétrica, no entanto, não vem sozinho. Desde o início de 2025, os
baianos vêm enfrentando uma escalada de reajustes em serviços
essenciais. Em janeiro, a tarifa do transporte público em Salvador subiu
para R$ 5,60. Em fevereiro, o Elevador Lacerda passou a cobrar R$ 1 por
viagem, contra os simbólicos R$ 0,15 anteriores. E em abril, como já
mencionado, houve o reajuste nas contas de luz.
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