Nesta terça-feira, 10, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi interrogado pelo Supremo Tribunal Federal sobre tentativa de golpe de Estado, conforme denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República. Ele foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo; pelo ministro Luiz Fux, do STF; pelo procurador-geral Paulo Gonet; e pelos advogados de defesa seus e de outros réus.
Bolsonaro foi o sexto réu a ser ouvido na fase de interrogatórios do julgamento. Mais cedo nesta terça, foram questionados o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, o ex-ministro da Defesa, Anderson Torres, e o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; ontem, foram interrogados o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e autor da delação, Mauro Cid, e o deputado federal e ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL). Confira as principais declarações dos réus do primeiro e do segundo dia de oitivas.
Confira abaixo, em tempo real, os principais destaques do depoimento do ex-presidente ao Supremo.
16h41 — Acaba o interrogatório de Jair Bolsonaro sobre tentativa de golpe
Sessão volta às 17h com a oitiva de Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
16h38 — Bolsonaro afirma que seria fácil trocar comandos militares por apoiadores de golpe
Questionado pelo advogado de defesa Paulo Amador, ex-presidente diz que “não tinha esse objetivo”, mas que bastaria “uma nomeação no Diário Oficial”. Na denúncia, a PGR argumenta que o golpe não foi adiante por resistência dos comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Júnior.
16h32 — Bolsonaro diz que soube de planos para monitorar e assassinar Moraes e Lula pela imprensa
Em resposta a seu advogado de defesa, Celso Vilardi, ex-presidente afirma que nunca foi informado sobre qualquer plano para tirar a vida de autoridades. Ele também nega ter rascunhado ou mantido em seus dispositivos alguma minuta de golpe.
16h24 — ‘Nem sei o que Braga Netto estava fazendo lá’, diz Bolsonaro sobre reunião com militares após eleição
Gonet questiona ex-presidente por mobilizar chefes militares em dezembro de 2022, após derrota eleitoral, incluindo a presença de seu vice que já havia deixado o cargo de ministro. Bolsonaro diz que reunião foi convocada para “discutir hipóteses” e atribui decisão ao seu “temperamento” — na ocasião, segundo as investigações, houve conversa sobre alternativas ao reconhecimento da vitória de Lula.
Continua após a publicidade
16h20 — ‘Alguém pegou em algum lugar esse discurso aí’, diz Bolsonaro sobre documento apreendido em sua sala no PL
Texto encontrado pela PF no gabinete do ex-presidente na sede do partido esboçava discurso presidencial em caso de golpe. Bolsonaro diz que recebeu documento de seu advogado, Paulo Amador, que o havia extraído dos autos do inquérito.
16h16 — ‘Não procede que eu colaborei com o 8 de janeiro’, afirma Bolsonaro
Interrogado por Paulo Gonet, ex-presidente diz que “nós repudiamos baderna” e lê tuíte publicado na data dos atentados, quando estava nos Estados Unidos, no qual criticou as manifestações violentas. O ex-mandatário insiste que não atuou para inflamar protestos em frente aos quartéis, repete que agiu para desmobilizar os caminhoneiros e diz que nunca considerou “intervenção militar ou AI-5”.
16h10 — ‘Se eu almejasse o caos no Brasil, era só ficar quieto’, diz Bolsonaro sobre manifestações de caminhoneiros
Ex-presidente diz ter provas em vídeo de que atuou para desmobilizar os bloqueios de rodovias por apoiadores. “Não houve estímulo ao confronto da minha parte”, afirma Bolsonaro, acrescentando que a transição de governo foi pacífica e que não convocou nenhum protesto.
16h06 — Gonet questiona Bolsonaro sobre ataques contra ministros do STF em 7 de setembro
“Ou o chefe desse Poder enquadra o seu [Poder], ou pode sofrer aquilo que não queremos”, declarou Bolsonaro na ocasião. Interrogado, o ex-presidente diz que todos conhecem “o seu temperamento explosivo” e diz que tem histórico de atritos a Luís Roberto Barroso, mas não fez “ameaça a nenhum Poder”.
15h50 — ‘Era melhor ficar lá do que vir pra Esplanada’, diz Bolsonaro sobre acampamentos em quartéis
Ex-presidente diz que nunca se encontrou com manifestantes e volta a criticar penas “injustas” contra condenados por participação no 8 de janeiro. Bolsonaro nega, ainda, ter recebido pedido do general Mario Fernandes, também réu na trama golpista, para intervir a favor de um caminhoneiro que temia ser preso.
Continua após a publicidade
15h44 — ‘Não me lembro de reunião reservada entre mim e Heleno’, diz Bolsonaro
Em dezembro de 2022, ex-ministro-chefe do GSI deixou formatura de neto e pediu “carona” em avião da FAB ao comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, alegando ter sido convocado imediatamente por Bolsonaro. O ex-presidente diz que não se recorda da convocação urgente, mas brinca que “por vezes também dá a desculpa de que a sogra está chamando” para fugir de eventos.
15h40 — Bolsonaro confirma reunião com Marcos do Val e Daniel Silveira, também revelada por VEJA
No encontro, senador se ofereceu para gravar Alexandre de Moraes em busca de provas para descredibilizar o ministro, então presidente do TSE. Ex-presidente afirma que o parlamentar do Podemos apenas disse que tinha uma boa relação com Moraes.
15h38 — Bolsonaro confirma reunião com Zambelli e Delgatti em 2022 revelada por VEJA
“Não entendo nada de informática, não senti confiança nele e nunca mais tive contato”, diz ex-presidente sobre encontro com ex-deputada federal e hacker. Ele diz que encaminhou Delgatti à Comissão de Transparência Eleitoral.
15h33 — ‘Eu gostaria de convidá-lo pra ser meu vice em 2026’, brinca Bolsonaro com Moraes
Ex-presidente faz comentário após citar encontros com eleitores no Nordeste. “Eu declino”, diz o ministro, laconicamente. “Meu ministro”, insiste Bolsonaro.
15h29 — Bolsonaro afirma que não soube de reunião entre Nogueira e chefes militares
Segundo depoimentos de Mauro Cid, Freire Gomes (Exército) e Baptista Júnior (Aeronáutica), foi nesta ocasião que Almir Garnier (Marinha) declarou que “tropas estavam à disposição” caso o presidente decidisse assinar um golpe. Reunião ocorreu no Ministério da Defesa em dezembro de 2022.
Continua após a publicidade
15h23 — ‘Considerandos’ sobre medidas de exceção foram exibidas em reunião com militares, diz Bolsonaro
Ex-presidente confirma delação de Mauro Cid e depoimento de Freire Gomes, então chefe do Exército, sobre reunião com ministro da Defesa e os três comandantes das Forças Armadas no Palácio do Alvorada. Na ocasião, os “considerandos” foram apresentados em um telão no computador operado por Cid — Bolsonaro sustenta que não se tratava de uma minuta de golpe, e sim de um documento sem cabeçalho.
15h20 — ‘Conselho da República não foi convocado’, diz Bolsonaro sobre acusação de planejar intervenção
Consulta ao órgão colegiado é obrigatória para decretação de estado de sítio ou de defesa. Manuscrito sobre o assunto está na mesa de interrogatório de Bolsonaro neste momento — a tese da defesa é de que nenhum movimento concreto, como a convocação do Conselho da República, teria sido tomado rumo a um golpe de Estado.
15h15 — Bolsonaro diz que ‘nunca tratou’ de minuta de golpe com Filipe G. Martins
Ex-presidente diz que assessor especial foi “bater um papo” com ele, acompanhado de um padre, e nega ter recebido documento que esboçava uma tomada de poder com base no artigo 142 da Constituição. Entrega do texto a Bolsonaro foi delatada por Mauro Cid, que diz que estava presente na reunião e testemunhou o ocorrido.
15h08 — ‘Minha intenção nunca foi descredibilizar, sempre foi alertar’, diz Bolsonaro sobre críticas às urnas
Interrogado sobre ataques ao sistema eleitoral, ex-presidente diz que pode ter “exagerado na retórica”, mas afirma que desconfianças são pautadas em relatórios de peritos criminais e auditorias independentes. Sobre a reunião com embaixadores realizada em julho de 2022, que lhe rendeu uma condenação à inelegibilidade por questionar a lisura do processo eleitoral, Bolsonaro diz que Dilma Rousseff também se encontrou com diplomatas e que a prerrogativa é do presidente.
14h58 — Moraes diz que inquérito citado por Bolsonaro em live não tem ‘nada a ver com urnas’
Em transmissão realizada em 29 de julho de 2021, presidente sustentou que a Polícia Federal apurava supostas vulnerabilidades nos dispositivos. Segundo o ministro, investigação era sobre invasão hacker ao banco de dados de servidores da Justiça Eleitoral.
Continua após a publicidade
14h50 — ‘Não tenho indícios, foi um desabafo’, diz Bolsonaro sobre acusações de corrupção contra o STF
Na reunião de 7 de julho de 2022, ex-presidente afirmou aos ministros presentes que Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Fachin estariam recebendo “trinta, cinquenta milhões de dólares” para descumprir a lei. Confrontado, Bolsonaro pediu desculpas a Moraes.
14h46 — Antes de iniciar sessão, Bolsonaro exibiu fotos de Michelle aos presentes
Ex-primeira-dama é cotada como presidenciável em pesquisas eleitorais. O capitão está inelegível desde 2023 por condenações da Justiça Eleitoral.
14h43 — ‘Nem eu esperava que ia me eleger presidente’, diz Bolsonaro sobre eleições de 2018
Ex-presidente diz que seu pleito foi “atípico”, cita o atentado a faca sofrido durante campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG) e lista ações de seu governo.
14h40 — Bolsonaro cita críticas de Flávio Dino às urnas eletrônicas em 2012
Segundo o ex-presidente, o ministro do STF declarou publicamente que desconfiava da segurança das urnas quando foi derrotado em eleição ao governo do Maranhão.
14h38 — Moraes confronta Bolsonaro sobre reunião ministerial de 7 de julho de 2022
No encontro, o ex-presidente disparou uma sequência de críticas a ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acusa os acordos internacionais de fiscalização das urnas de serem “perfumaria” e “maquiagem” e demonstra preocupação com o resultado das eleições que ocorreriam em outubro.
Continua após a publicidade
14h34 — Diante de Moraes, Bolsonaro se declara inocente de acusação de golpe de Estado
14h30 — Começa o interrogatório de Jair Bolsonaro na Primeira Turma do STF
14h25 — Bolsonaro exibe exemplar da Constituição aos presentes no STF
Ex-presidente saiu rapidamente da sala e voltou com um exemplar da Carta Magna. Ele não quis comentar a decisão de Moraes que o proibiu de exibir vídeos como novas evidências durante a sessão.
14h22 — Líder da oposição na Câmara é barrado de assistir presencialmente ao interrogatório
“É constrangedor, para mim, ver alunos de faculdade entrarem e eu não”, disse a VEJA o deputado federal Zucco (PL-RS). Ele afirma ter sido autorizado pelo cerimonial do STF, mas não conseguiu acesso presencial à sessão. A informação é do repórter de VEJA Marcelo Ribeiro.
14h18 — Bolsonaro volta ao plenário da Primeira Turma do STF
A VEJA, ex-presidente disse que falou “de tudo no almoço, até de futebol”; ele será interrogado a partir das 14h30. As informações são da editora de VEJA Laryssa Borges. Ainda serão ouvidos, entre hoje e amanhã, os ex-ministros da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e da Casa Civil, Walter Braga Netto.
14h — MAQUIAVEL: Moraes nega pedido de Bolsonaro para exibir vídeos durante interrogatório
Ex-presidente pretendia usar declarações do ministro Flávio Dino, do STF, do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, e do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, com questionamentos à segurança das urnas eletrônicas. “Não é o momento adequado para apresentação de provas novas, ainda não juntadas aos autos e desconhecidas das partes”, escreveu Moraes na negativa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário