Um caso causa indignação na cidade de Pindobaçu, no norte da Bahia, nos últimos meses. A enfermeira Aizia Salvador denunciou um amigo da família por abusar sexualmente de sua mãe, uma idosa de 59 anos, acamada e sem fala. O criminoso, um homem de 62 anos, foi flagrado por câmeras instaladas no quarto da vítima.
A filha relatou que as câmeras foram instaladas originalmente para monitorar o estado de saúde dos pais idosos que moram sozinhos. Aizia mora em Senhor do Bonfim, cidade localizada a menos de uma hora de Pindobaçu, por conta do seu trabalho.
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A enfermeira também ressaltou o estado de saúde do pai, que, apesar de mais ativo, sofre com perda de visão. A filha explicou que os pais chegaram a morar com ela na cidade vizinha, mas o pai enfrentou dificuldades de adaptação, devido ao desconhecimento do local e à dificuldade de locomoção, o que chegou a gerar quadro de depressão.
Diante disso, Aizia optou por deixá-los sob os cuidados de profissionais e familiares próximos na cidade vizinha, mantendo visitas frequentes ao longo da semana.
"Houve uma série de problemas, porque meu pai é deficiente visual e em Senhor do Bonfim ele não conseguia sair. Lá (em Pindobaçu), ele se locomove bem, nem parece que não enxerga, porque conhece tudo. Então, começou a apresentar sinais de depressão e, por isso, eles acabaram voltando para lá”, explicou a enfermeira.
Aizia conta que devido a distância, a preocupação é constante, e por isso, ela continuava acompanhando seus pais por meio das câmeras, para garantir que, se algum problema ocorresse, pudesse se deslocar rapidamente e solicitar a ajuda necessária.
Abusos
Em setembro deste ano, Aizia percebeu movimentações estranhas nas gravações e decidiu revisar o conteúdo armazenado pela câmera. Foi quando se deparou com cenas do amigo da família, que tinha livre acesso a residência, tocando e beijando a sua mãe idosa sem consentimento.
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Segundo Aizia, mesmo ao ver as primeiras imagens, ela teve dificuldade em acreditar que os abusos realmente estavam acontecendo devido a confiança que o homem tinha da família.
“Na inocência, eu não conseguia acreditar que algo assim pudesse acontecer com ela. Cheguei a pensar que ele estivesse apenas conversando ou cuidando dela de alguma forma”, relatou.
“Ele era amigo da família há mais de 10 anos. Frequentava nossa casa diariamente e nunca gerou desconfiança. Quando vi o vídeo, fiquei desesperada. Ele coloca a mão no seio da minha mãe, coloca a mão dentro da fralda nas partes genitais e a beija”, completou Aizia, abalada.
Veja vídeo
De acordo com a enfermeira, assim que viu as primeiras imagens, ela ligou para o pai e, sem dar muitas explicações, pediu que ele mandasse o homem embora. Em seguida, saiu imediatamente em direção à cidade de Pindobaçu.
Ao chegar ao local, Aizia temeu que o suspeito fugisse e não pudesse mais ser encontrado. Por isso, enviou mensagens a ele se desculpando pela situação e dizendo que não o havia reconhecido e acreditava que um estranho tivesse invadido a casa, pedindo então que o pai o expulsasse do local.
Logo em seguida, Aizia revisitou todas as imagens para reunir o material para ir até a delegacia.
Segundo a denúncia, o suspeito teria cometido os abusos em diversas ocasiões, aproveitando-se da ausência momentânea das cuidadoras da idosa.
Em um dos vídeos, ele aparece descobrindo o corpo da vítima e tocando suas partes íntimas, enquanto o pai de Aizia, deficiente visual, estava no mesmo ambiente, sem perceber o que acontecia.

| Foto: Arquivo pessoal
Suspeito confessou o crime
Após reunir as provas, a enfermeira procurou a Delegacia Territorial de Pindobaçu e registrou boletim de ocorrência. Segundo Aizia, o caso foi encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), que emitiu parecer favorável à prisão preventiva do suspeito. No entanto, o pedido foi indeferido pela juíza responsável, sob justificativa de que o investigado “não oferecia risco à sociedade”.

Boletim de ocorrência | Foto: Arquivo pessoal
O homem chegou a ser intimado a depor e, segundo a denunciante, negou o crime inicialmente, mas depois confessou os abusos quando confrontado com as imagens. Ele vai responder pelo crime de estupro de vulnerável.
“É revoltante. Como uma pessoa que faz isso com uma mulher acamada não representa risco? Ele confessou o que fez, e mesmo assim está em liberdade. Eu me magoei vendo todo o material. Achava que com tanta prova ele não fosse ter uma escapatória”, disse a filha.
Ela contou que a prisão preventiva do suspeito foi solicitada novamente. “O promotor disse que iria recorrer. Eu, sinceramente, me senti de mãos atadas”, desabafou Aízia.
Ainda não há decisão quanto ao novo pedido de prisão do suspeito, que segue respondendo em liberdade.

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