Por Livia Veiga
Baianos e turistas que percorrem o Caminho da Fé, trecho que vai da Igreja Santuário Santa Dulce dos Pobres até a Colina Sagrada, no Bonfim, se deparam com sinais de vandalismo. Ao longo da Avenida Dendezeiros do Bonfim, várias estações não mais abrigam obras de arte, que haviam sido instaladas em 2020, em totens de madeira e peças em aço, inspiradas na Via Crucis.
No entorno das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), os totens de madeira permanecem preservados, a ostentar as obras. No entanto, já próximo ao Colégio da Polícia Militar, é possível perceber sinais de depredação, como falta de peças em granito, ausência da placa de aço inox por completo ou mesmo, arranhões nas próprias imagens gravadas no metal.
Em nota enviada à imprensa nesta sexta-feira (4), a Fundação Gregório de Mattos (FGM) repudiou os atos de vandalismo contra 22 obras de arte que fazem parte do Caminho da Fé, na Cidade Baixa. “Uma equipe da Diretoria de Patrimônio e Equipamentos Culturais da Fundação realizou vistoria no local para a tomada de providências, e está em contato com o artista Juarez Paraíso, autor das obras, para a substituição das mesmas”, informou.
Ainda segundo a fundação, também será solicitado o reforço na atuação das forças de segurança, a fim de evitar novas ocorrências. “A FGM enfatiza que, ao longo do ano, realiza ações de educação patrimonial para minimizar atos de vandalismo como o registrado no Caminho da Fé. Imbuída de sua função regimental de preservar o patrimônio histórico e cultural de Salvador, a Fundação continuará acompanhando o caso e contribuindo com as investigações para esclarecer o ocorrido e devolver as obras à cidade”, completou.
A turista de Belo Horizonte, Clara Marciel, lamentou não ter a oportunidade de percorrer o caminho, contemplando as obras de arte. “É uma pena isso acontecer em Salvador. Esse é um local sagrado, que recebe tantos visitantes e vejo que falta segurança”, afirmou.
Um vigia que trabalha em um imóvel da região e que preferiu não se identificar, afirmou que desconhecia a ação dos vandalos, pois em frente ao seu posto de trabalho, as obras permanecem preservadas. “Teoricamente, teria que estar seguro, até pela proximidade do colégio e da academia da PM. Mas, na madrugada, os vândalos agem livremente”, ressaltou.
De acordo com a 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Uruguai), não houve acionamento para a ocorrência mencionada. A reportagem solicitou posicionamento da Guarda Civil Municipal de Salvador, que informou realizar rondas constantes na área para garantir a segurança e a preservação do patrimônio público.
“No entanto, devido à grande extensão da área a ser monitorada, a GCM conta com a colaboração da população para atuar de forma mais eficaz. A GCM ressalta que possui um canal de WhatsApp exclusivo para denúncias, onde a comunidade pode ajudar a monitorar ações de vandalismo. As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo número (71) 99623-4955, através de mensagens de texto ou áudios de até 30 segundos, acompanhados de vídeos e/ou fotos, se possível. Ligações não são aceitas”, orientou a corporação.
Ao todo, o percurso até a Basílica do Bonfim conta com 28 totens que, originalmente, eram dispostos da seguinte forma: 14 referentes à história de Santa Dulce dos Pobres, de autoria de Paraíso, e os outros 14, sobre a devoção ao Senhor do Bonfim, produzidas por artistas convidados. A produção das peças, com ilustrações e textos, foi coordenada por Juarez Paraíso, com projeto arquitetônico assinado por Adriano Mascarenhas.
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