“Jerônimo será reeleito com uma das maiores votações da história — talvez a maior.”
“Pela primeira vez, eu concordo com ACM Neto: que entreguem todos os cargos do União Brasil na Bahia.”
“O União Brasil tem mais cargos no governo Lula na Bahia do que todos os partidos de esquerda somados. É um absurdo.”
“Pela primeira vez, eu concordo com ACM Neto: que entreguem todos os cargos do União Brasil na Bahia.”
“O União Brasil tem mais cargos no governo Lula na Bahia do que todos os partidos de esquerda somados. É um absurdo.”
Em entrevista exclusiva à Tribuna,
o deputado federal Jorge Solla (PT) afirmou que uma eventual chapa
"puro-sangue" em 2026, composta por Jerônimo Rodrigues, Jaques Wagner e
Rui Costa — todos do PT — seria "imbatível". Ele previu que o atual
governador baiano será reeleito com “uma votação entre as maiores, senão
a maior da história da Bahia”.
Segundo o parlamentar, além das entregas do atual governo, o perfil
de Jerônimo Rodrigues tem conquistado prefeitos da oposição e ampliado
sua base de apoio. Para Solla, o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) não
terá alternativa a não ser disputar novamente o governo — mesmo,
segundo ele, com a certeza de uma nova derrota. O petista não poupou
críticas a Neto e ao União Brasil, partido que, em sua avaliação, ocupa
espaços de forma desproporcional no governo Lula (PT).
Ao comentar a recente crise envolvendo descontos indevidos no INSS,
Solla destacou que o esquema foi montado em governos anteriores e que
só começou a ser desmantelado na atual gestão. Mesmo após a saída formal
da base diante do episódio, Solla garantiu que o PDT segue no governo.
Para Solla, o presidente Lula vive um momento político sólido, e
sua base de apoio está em processo de ampliação. Já a oposição, em sua
opinião, está sem rumo, com Jair Bolsonaro (PL) inelegível e sem
conseguir articular um nome competitivo.
Solla também abordou a atuação da Petrobras, criticando a venda da
Refinaria Landulpho Alves durante o governo Bolsonaro a um fundo árabe,
que, segundo ele, reduziu a produção local e aumentou a importação de
combustíveis, prejudicando a arrecadação da Bahia e quebrando a
Prefeitura de São Francisco do Conde. Apesar disso, destacou que a
estatal voltou a investir em energia renovável e na exploração de
petróleo sob o atual governo.
Confira a entrevista na íntegra:
Tribuna – Como o senhor avalia o governo Lula e a sua atual situação política, envolvendo a polêmica do INSS?
Jorge Solla –
Em relação ao governo Lula, eu acho que, em pouco mais de dois anos,
ele conseguiu um processo de reconstrução que foi além das expectativas
que nós tínhamos, porque a destruição promovida pelo governo anterior
foi grande em todas as áreas. Não há uma política pública que não tenha
sofrido impacto negativo. Em pouco mais de dois anos, o governo do
presidente Lula conseguiu retomar a capacidade de melhorar a vida das
pessoas em todas as áreas. Na economia, temos hoje o menor índice de
desemprego. O salário mínimo voltou a ser recomposto acima da inflação.
Estamos aumentando o poder de compra, melhorando a vida da população e,
inclusive, reduzindo a desigualdade no país — como mostram dados
recentemente divulgados. Na saúde, o governo federal voltou a financiar
serviços que estavam sem receber recursos. É o caso da Bahia: quando
Lula assumiu, o teto anual repassado para custear os serviços
hospitalares e ambulatoriais especializados — o chamado Teto MAC — era
de R$ 1,7 bilhão. Agora, em fevereiro deste ano, já estava em R$ 2,7
bilhões, ou seja, um aumento de 60% em apenas dois anos. O governo
retomou programas como o Minha Casa, Minha Vida, o Luz para Todos e os
investimentos em infraestrutura. Aqui na Bahia, a BR-101 foi recuperada,
a BR-242 — que liga o Oeste à capital — também, e a estrada que passa
por Capim Grosso e Jacobina está em fase de recuperação, ou já foi
concluída. Voltamos a ter investimentos para novas unidades de saúde,
escolas, creches. Ou seja, realizações em todas as áreas. A reconstrução
nacional está bastante avançada, e os fatos mostram isso: a recuperação
da economia e dos investimentos públicos é concreta.
Tribuna – A Petrobras tem o desafio de promover a transição energética. Como o senhor vê esse desafio?
Jorge Solla –
Falando na Petrobras, me permita uma observação sobre um problema grave
que está em curso. A empresa tentou uma negociação, mas até agora não
teve êxito: trata-se da Refinaria Landulpho Alves. Desde que foi
comprada pelo fundo árabe, houve uma redução na utilização de sua
capacidade, na produção de combustíveis refinados, e um aumento na
importação. Venderam a refinaria por um valor muito abaixo do mercado —
dizem até que parte foi paga em joias. E não entregaram apenas a
refinaria: entregaram também o porto de Madre de Deus, os depósitos… E
agora estão reduzindo o refino e aumentando a importação. Com toda essa
estrutura, comprada a preço de banana, ainda levaram algo que não tem
estimativa: o mercado. Todo combustível vendido aqui no estado passou a
ser propriedade desse grupo, e, desde então, pagamos o combustível mais
caro do Brasil. Houve uma perda de arrecadação enorme. O governo do
estado perdeu, mas quem mais perdeu foi a Prefeitura de São Francisco do
Conde, que está falida. O prefeito e os representantes do município
podem apresentar os dados. Um município que tinha a maior renda per
capita do estado hoje enfrenta fome, desemprego e dificuldades
financeiras até para pagar a folha. A prefeitura está com dificuldades
de honrar seus compromissos por causa dessa política absurda da empresa
que assumiu a refinaria.
Tribuna – Como o senhor
enxerga o desafio da Petrobras e do governo na transição energética,
considerando que o petróleo ainda é muito demandado?
Jorge Solla –
O petróleo é uma matéria-prima essencial para vários produtos da
indústria, não apenas combustíveis. Mas o nosso país está em uma
situação privilegiada. Os investimentos aumentaram muito nos últimos
dois anos em parques eólicos e solares, e a Bahia se destaca nesse
cenário. Temos petróleo, temos sol em abundância, temos várias regiões
propícias para a energia eólica. Além disso, estamos investindo em novas
fronteiras, como o hidrogênio verde e biocombustíveis. Temos que
aproveitar essa riqueza natural, e a Petrobras está investindo nisso.
Inclusive, a exploração de poços no Recôncavo está sendo retomada com os
novos investimentos da estatal.
Tribuna – O senhor acha que a imagem do governo foi prejudicada pela questão do INSS e do Pix?
Jorge Solla –
O problema do INSS começou em 2019. Foi um marco nesse processo. Ele
foi renovado em 2020 e 2021. Em 2022, houve uma alavancagem tão grande
que ampliou enormemente o número de associações que faziam descontos
ilegais sem autorização. Isso impactou diretamente a quantidade de
recursos que, em 2023 e 2024, foram repassados. Essas denúncias foram
feitas ainda no governo passado, mas não foram apuradas. Funcionários
foram ameaçados de morte quando denunciaram o que estava ocorrendo.
Felizmente, no atual governo, houve apuração. A Polícia Federal
desmantelou o esquema. A linha do tempo é muito clara: é possível ver
onde começou, quais governos criaram as bases para isso acontecer, e
qual governo está apurando e desmontando essa ação criminosa.
Tribuna – Em decorrência
disso, o PDT saiu da base e virou independente. Como o senhor viu esse
movimento? Isso pode prejudicar o governo no Congresso?
Jorge Solla –
O atual ministro é do PDT. O Wolney Queiroz foi nosso colega na Câmara,
líder do PDT, e era secretário-executivo do Ministério da Previdência
sob Carlos Lupi. O PDT continua à frente do Ministério da Previdência,
continua no governo e, em sua maioria, continua apoiando o governo nas
votações. Isso, inclusive, é diferente de outros partidos que têm
ministérios, como o União Brasil, mas que não têm uma atuação
legislativa coerente com quem faz parte da base. Na Bahia, por exemplo, o
União Brasil tem as duas superintendências da Codevasf, controla os
Correios em todo o estado e tem mais cargos no governo Lula aqui do que
todos os partidos de esquerda somados. É um absurdo.
Tribuna – O senhor acha que o
União Brasil tem muito espaço no governo? Recentemente, ACM Neto disse
que, por ele, entregaria todos os cargos para o União Brasil ser uma
oposição mais independente ao governo.
Jorge Solla –
Eu tenho que concordar com ele. Eu gostaria muito que os aliados dele
entregassem os cargos na Bahia, porque usam a máquina pública, têm
cargos, têm recursos, mas não ajudam o governo Lula. Então, pela
primeira vez, eu concordo com ACM Neto: que entreguem todos os cargos do
União Brasil na Bahia. Isso vai ajudar muito o governo, porque aí
teremos pessoas comprometidas com as políticas públicas, beneficiando a
população — e não apenas os que estão nos cargos.
Tribuna – Para o ano que vem,
nas eleições, como o senhor enxerga a oposição ao presidente Lula? Acha
que Jair Bolsonaro, mesmo inelegível, conseguirá lançar um candidato
competitivo?
Jorge Solla –
Ele está justamente tentando evitar isso. Ele tem contribuído para a
incapacidade da direita e da extrema-direita em apontar uma alternativa
eleitoral. Não tem projeto, não tem candidato. Isso é evidente. Enquanto
isso, o presidente Lula vem pavimentando, de forma sólida, as bases
para sua reeleição.
Tribuna – Na Bahia, como avalia a gestão de Jerônimo Rodrigues até agora, sobretudo na segurança pública e na saúde?
Jorge Solla –
O governo Jerônimo tem feito entregas importantes. Destaco a educação:
ele foi secretário da Educação e, junto com Rui Costa, iniciou um grande
projeto de escolas de tempo integral. É o maior investimento que já
tivemos na rede estadual. Como governador, ele tem dado continuidade e
ampliado. Em qualquer município, você encontra grandes escolas estaduais
com laboratórios, salas com ar-condicionado, áreas de esporte,
piscinas. Onde não há ainda, estão em construção. Isso é uma verdadeira
revolução na educação. E esses investimentos refletem também na
segurança pública, pois jovens em escolas de tempo integral, se
preparando para o futuro, ficam longe do tráfico, das quadrilhas e das
milícias. Na saúde, os investimentos continuam: novos hospitais
regionais em Jacobina, Valença, Alagoinhas; maternidades regionais… A
Bahia é o segundo estado que mais investe nessas áreas, perdendo apenas
para São Paulo, que tem uma arrecadação muito maior. No saneamento,
temos a obra de R$ 200 milhões que levará água do Rio Paraguaçu até o
Vale do Jiquiriçá. E na agricultura familiar, a Bahia é destaque
nacional — é o estado que mais investe na área.
Tribuna – O senhor acredita em uma eleição mais fácil do que foi em 2022?
Jorge Solla –
Digo hoje que Jerônimo será reeleito com uma das maiores votações da
história — talvez a maior. Além da eficiência e das entregas do governo,
o perfil dele, afável e humilde, tem conquistado prefeitos que não o
apoiaram em 2022 e agora caminham com ele. A base de apoio está
crescendo: partidos, prefeitos… o PDT já voltou para a base. Acredito
que a eleição será avassaladora. Vamos ampliar nossa bancada estadual e
federal. Já o ex-prefeito ACM Neto não tem alternativa: terá que ser
candidato, mesmo sabendo que perderá. Se não for, sua base se esfacela —
como já aconteceu na reeleição de Rui Costa.
Tribuna – Na sua opinião, seria uma boa chapa Jerônimo, Wagner e Rui?
Jorge Solla –
É uma possibilidade. São três nomes que nos orgulham. Poucos grupos
políticos podem se dar ao luxo de ter a reeleição do governador e, ao
Senado, dois ex-governadores bem avaliados e que fizeram seus
sucessores. Wagner, tirando o presidente Lula, talvez seja hoje a maior
liderança articuladora do país. Rui Costa, na Casa Civil, demonstra sua
capacidade de gestão pública. Não sei se será essa a chapa, mas, se for,
será imbatível. E isso assusta os adversários.
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