Por Vitor Silva
Cinco
pessoas foram presas durante a “Operação Galardão”, deflagrada pela
Força-Tarefa de combate à sonegação fiscal na Bahia. A ação investigava
um grupo empresarial do setor supermercadista suspeito de sonegar cerca
de R$ 65 milhões em impostos estaduais (ICMS). A operação ocorreu nas
cidades de Itabuna e Ilhéus, no sul do estado, onde também foram
cumpridos nove mandados de busca e apreensão. Além das prisões, a
Justiça determinou o bloqueio dos bens das pessoas físicas e jurídicas
envolvidas para garantir a recuperação dos valores sonegados.
Foi
determinada ainda a colocação de tornozeleiras eletrônicas em dois dos
empresários principais investigados. Segundo apurações da Inspetoria
Fazendária de Investigação e Pesquisa (Infip), do Ministério Público e
da Polícia Civil, as empresas do grupo praticavam fraudes tributárias
por meio da omissão de registros de vendas sem emissão de nota fiscal,
uso indevido de créditos fiscais e fornecimento de informações falsas à
administração tributária, tudo com o objetivo de reduzir o pagamento do
ICMS.
O
esquema criminoso envolvia o abandono de empresas com altos débitos
tributários, que eram substituídas por outras abertas em nome de
familiares e “laranjas”. Investigações recentes realizadas pela
Força-Tarefa do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos
(Cira) em Itabuna revelaram que os dois empresários liquidaram uma das
empresas sonegadoras e abriram outra no mesmo endereço, com nome
fantasia semelhante, mas razão social diferente, configurando uma
sucessão empresarial fraudulenta, deixando mais de R$ 65 milhões em
débitos para o Estado.
A
operação mobilizou seis promotores de Justiça, 11 delegados de Polícia,
33 policiais do Draco, oito servidores do Fisco Estadual, seis do
Ministério Público da Bahia (MPBA) e quatro policiais da Companhia
Independente de Polícia Fazendária (Cipfaz).
Durante
coletiva de imprensa, Alex Neves, coordenador do Grupo de Atuação
Especial de Combate à Sonegação Fiscal (GAESF), explicou que a operação
teve como alvo cinco pessoas físicas e cinco jurídicas. Segundo ele, o
grupo vinha praticando fraudes tributárias por meio da sucessão
empresarial fraudulenta, ou seja, abria e encerrava empresas com
vultosos débitos tributários e imediatamente criava novas no mesmo
endereço, com nomes de fantasia muito semelhantes. Essas empresas eram
constituídas por sócios, familiares ou pessoas interpostas que figuravam
apenas para dissimular os verdadeiros proprietários. Neves ressaltou
ainda que, em uma particularidade da operação, foram colocadas
tornozeleiras eletrônicas em dois empresários investigados. “Essa
operação investiga uma fraude tributária que já alcança aproximadamente
65 milhões de reais de valores que foram sonegados aos cofres públicos
estaduais, valores que deveriam estar sendo empregados em políticas
públicas e serviços essenciais, mas foram desviados por práticas
fraudulentas e associação empresarial fraudulenta”, afirmou.
O
promotor de Justiça Inocêncio destacou que a investigação durou um ano e
meio e contou com interceptações telefônicas, quebras de sigilo
bancário e fiscal, além do monitoramento em tempo real das sucessões
empresariais suspeitas em Itabuna. “Em dado momento, pedimos a cautelar
de apreensão para acrescentar mais provas ao procedimento, o que
resultou na deflagração da Operação Galardão. Foram apreendidos
computadores, documentos, telefones, além do monitoramento dos
principais alvos da fraude”, disse. Ele acrescentou que a fraude
investigada alcança cerca de R$ 65 milhões em impostos sonegados e que a
operação terá desdobramentos com perícias nos dispositivos apreendidos
e, provavelmente, levará à deflagração da ação penal.
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