Por Vitor Silva
A produção agropecuária da Bahia teve um primeiro trimestre de 2025 marcado por recordes e crescimento em setores estratégicos. O maior destaque ficou com a produção de ovos, que, mesmo registrando uma leve queda em relação ao quarto trimestre de 2024 (-0,6%), atingiu a marca de 22,911 milhões de dúzias. Esse volume representa um crescimento de 16,5% frente ao mesmo período do ano passado (19,673 milhões de dúzias) e é o maior já registrado para um primeiro trimestre desde o início da série histórica do IBGE, em 2001 — superando em 9,3% o recorde anterior, de 2023.
Para Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, esse é um resultado que chama a atenção: “Acho que o grande destaque positivo é a produção de ovos, que teve, embora uma pequena queda em relação ao quarto trimestre do ano passado — o que é algo que costuma ocorrer — um aumento importante em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Ela acabou sendo a maior produção de ovos no primeiro trimestre aqui no estado, em toda a série histórica do IBGE, iniciada em 2001. São 24 anos de série histórica e é a maior produção para um primeiro trimestre”, afirma.
Mariana lembra ainda que a produção de ovos já havia fechado 2024 com recorde anual e que esse bom desempenho tem impacto direto nos preços. “O ovo, que teve aumentos grandes no primeiro trimestre — chegou a subir quase 27% aqui na Região Metropolitana de Salvador nos três primeiros meses do ano — já teve quedas de preço em abril e, com intensidade maior, em maio. O dado que divulgamos ontem mostra isso. Há, sim, um efeito dessa produção mais robusta nos preços”, complementa.
Apesar de a Bahia ainda estar longe de ser autossuficiente em ovos — é apenas o 12º maior produtor do país, com 1,9% da produção nacional — o aumento contribuiu para amenizar a inflação do alimento no estado.
Outro setor com resultado expressivo foi o da produção de leite, que alcançou 160,705 milhões de litros no trimestre, alta de 8,1% em relação ao quarto trimestre de 2024 e de 7,6% na comparação com o primeiro trimestre do mesmo ano. Esse foi o segundo maior volume já registrado para qualquer trimestre na Bahia, em uma série histórica de 28 anos. O estado se mantém como o 7º maior produtor de leite do país, com 2,5% do total nacional.
“O leite é outro ciclo produtivo que tem se mostrado muito virtuoso, com crescimento consistente. Embora a Bahia seja apenas o sétimo maior produtor de leite do país, o desempenho foi bastante positivo neste primeiro trimestre”, avalia Mariana.
Na pecuária, o abate de bovinos foi de 325.931 cabeças, uma queda de 9,6% frente ao quarto trimestre de 2024, mas alta de 1,2% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. Esse resultado é o melhor para um primeiro trimestre em 11 anos, desde 2014. A Bahia continua como o 11º maior estado em abate de bovinos, com 3,3% da produção nacional.
No caso do abate de frangos, o estado registrou 33,3 milhões de animais abatidos entre janeiro e março, com retração de 2,4% em relação ao último trimestre de 2024, mas crescimento de 4,7% frente ao primeiro trimestre do mesmo ano. A Bahia é o 9º maior produtor do país neste segmento, com 2,0% da produção nacional.
Já o setor de suínos apresentou o único dado negativo do levantamento. Foram abatidos 70.550 animais no estado no primeiro trimestre, o menor volume para o período desde 2021. Houve quedas tanto na comparação com o quarto trimestre de 2024 (-10,3%) quanto com o primeiro trimestre de 2024 (-3,3%). Segundo Mariana, essa atividade vinha apresentando forte crescimento até o período pré-pandemia, mas ainda não conseguiu retomar o mesmo ritmo de expansão.
“Você deve se lembrar que, pouco antes da pandemia, o abate de suínos vinha muito pujante, crescendo bastante a cada trimestre. Depois, essa atividade teve um freio. Ela desacelerou e começou a registrar quedas, e ainda não retomou o ritmo de crescimento que tinha antes da pandemia”, observa.
Apesar do desempenho fraco no setor de suínos, a agropecuária baiana inicia 2025 com números bastante positivos nos demais segmentos, demonstrando a força e a resiliência do setor produtivo do estado.
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