Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fizeram uma manifestação bastante esvaziada em Brasília na manhã deste domingo, 20. O objetivo do grupo era protestar contra a ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de determinar que o capitão passe a usar tornozeleira eletrônica. A adoção de medidas restritivas contra o ex-mandatário, que incluem a proibição dele de usar redes sociais e sair de casa no período noturno, ocorre na esteira do movimento do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de pressionar o governo dos Estados Unidos por sanções ao Brasil em retaliação ao julgamento do pai como principal réu da chamada trama golpista.
Nesta segunda-feira, 21, o PL deve fazer uma reunião ampliada para tentar amplificar os protestos de rua em desagravo a Bolsonaro. A reunião foi anunciada pelo líder do partido na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). “Partiu Brasília-DF para receber meus colegas parlamentares que, voluntariamente, estão interrompendo seu recesso parlamentar para lutar pela democracia no Brasil”, escreveu no Instagram.
Apesar da baixa aderência de público em Brasília neste domingo, o parlamentar compartilhou nas redes sociais diversos registros do ato, afirmando que “o Brasil acordou”. As manifestações têm como pano de fundo tentar vitaminar o discurso de que o ex-presidente seria vítima de perseguição do Poder Judiciário, discurso que está circunscrito apenas a setores da direita e tem sido contestado diante do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Na tentativa de amplificar o discurso pró-Bolsonaro, também nas redes sociais, um dos principais expoentes da direita na Itália Matteo Salvini, hoje vice-primeiro-ministro e ministro da Infraestrutura e Transportes, comentou a situação de Bolsonaro neste domingo, contextualizando com outros casos de supostos injustiçados no círculo de aliados.
“Bolsonaro em prisão domiciliar, Le Pen condenada, eleições romenas fraudadas, Orbán chantageado e o principal partido político da Alemanha praticamente proibido. Parece-me que há uma clara orquestração ao estilo de Soros. Eu não ficaria surpreso se houvesse um complô por trás do ataque judicial contra todas as forças detestadas pelas finanças internacionais. De qualquer forma, não nos assustemos”, escreveu.
Em resposta a ele, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que “este é o momento em que todos nós, defensores das liberdades e da democracia, precisamos estar unidos contra a tirania e a extrema-esquerda”.
O que Eduardo Bolsonaro faz nos Estados Unidos?
A licença de Eduardo da Câmara dos Deputados chega ao fim neste domingo, e ele pode chegar a perder o cargo após acumular faltas sem justificativas a partir de agosto (clique aqui para entender como). Apesar disso, o filho do ex-presidente afirmou que não vai renunciar e que pode manter a posição por até três meses.
Ele está nos Estados Unidos há quase 120 dias, onde tem articulado sanções americanas contra o STF. Criando uma crise econômica, o presidente Donald Trump, no entanto, não aplicou medidas contra a corte, mas todo o Brasil, taxando os produtos exportados do país em 50%.
A situação levou a um racha entre os bolsonaristas. Eduardo e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, por exemplo, ficaram em lados opostos quando o chefe do Executivo paulista, pressionado pelo empresariado, começou a tentar negociar uma saída financeira que não passe pela anistia a Bolsonaro e seus apoiadores.
Do outro lado da política, a ministra-chefe da secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou o tom bolsonarista e falou sobre o avanço da extrema-direita no mundo.
“Nós conhecemos de perto os ataques feitos aqui no Brasil, por Jair Bolsonaro e seu entorno, e agora as chantagens e sanções agressivas do governo dos EUA contra nossa democracia, a partir de uma conspiração dos bolsonaristas com os agentes do presidente norte-americano. Assim como ocorre no Brasil, a democracia está sendo atacada pela extrema-direita em muitos países. Eles sabem que, sem democracia, o que prevalece é a lei do mais forte, a desigualdade e a injustiça. E nós queremos mais democracia, inclusive nas relações entre os países, para fortalecer o multilateralismo e o diálogo pela paz. Enfrentar as desigualdades, regulamentar as plataformas para que não sejam mais veículo de mentiras, ódio e crimes contra crianças e famílias. Queremos Democracia Sempre, para todos e todas”, escreveu no X no final da manhã.
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