A decisão de Donald Trump de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros escancarou um racha no bolsonarismo entre dois potenciais presidenciáveis da direita em 2026: o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O que aconteceu
Tarcísio se colocou como negociador do tarifaço de Trump. O governador viajou a Brasília para almoçar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, no dia seguinte, reuniu-se com o chefe da embaixada dos EUA.
Minutos após publicação do governador sobre reunião, Eduardo postou nas redes sociais. Sem citar Tarcísio, disse que qualquer tentativa de acordo com os EUA que não inclua a anistia dos acusados pelo 8 de Janeiro seria "um acordo Caracu".
Horas depois, Paulo Figueiredo se manifestou sobre a atuação de Tarcísio no tarifaço. Ex-comentarista da Jovem Pan, o aliado de Eduardo nos EUA disse que Tarcísio "atrapalha sem nem saber". Além disso, afirmou que o governador não tem acesso ao "mundo MAGA" —sigla dos apoiadores de Trump nos EUA— e é visto "como um aliado da China".
Figueiredo tornou públicas as críticas que aliados do clã Bolsonaro fazem há meses nos bastidores. As reclamações seguem a linha de que ele tentar se posicionar como um candidato do centrão que faz oposição ao presidente Lula (PT).
Para eles, falta apoio à anistia e há silêncio sobre o STF (Supremo Tribunal Federal). As críticas de aliados da família Bolsonaro a Tarcísio se concentram principalmente em dois pontos: ele não defenderia a anistia aos acusados por tentativa de golpe e não enfrentaria o Supremo em seus discursos públicos.
Em ato recente na avenida Paulista, governador de SP não mencionou o Supremo. Aliados da família Bolsonaro viram seu discurso como o de um "presidenciável da direita", usando pautas que dão votos junto aos eleitores de Bolsonaro, como atacar Lula e o PT, mas sem defender o assunto mais importante para Bolsonaro, que é a anistia. A expectativa era de que ele fizesse críticas contundentes ao STF e atacasse o ministro Alexandre de Moraes.
Anistia e 8 de Janeiro na mesa de Trump como moeda de troca. Eduardo e Figueiredo colocam a anistia aos acusados pelo 8 de Janeiro como crucial para a negociação do fim do tarifaço de Trump sobre o Brasil.
Tarcísio e Eduardo disputam vaga da direita em 2026. O governador é o nome que o centrão e parte do PIB apostam para a Presidência. O deputado licenciado, por sua vez, já disse que aceitaria "a missão", caso o pai lhe pedisse. No universo político, é consenso que o escolhido deve ter o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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