O dólar seguiu pelo quinto dia consecutivo em desvalorização. Nesta terça, na véspera da decisão do Fed, o banco central americano, que deve consagrar um corte no juro da principal economia do mundo, a divisa apresentou desvalorização em todo o mundo e por aqui não foi diferente: o dólar à vista caiu aos R$ 5,29, redução de 0,43%, e fechou o dia no menor patamar desde junho de 2024.
Só em 2025, o dólar acumula uma desvalorização de 14% em relação ao real. O DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente uma cesta de outras seis, atingiu nesta terça o menor patamar em dois anos e meio, aos 96,7 pontos. Na visão da casa de análise Levante, o movimento antecede a esperada queda de juro americana, que deve acontecer após o fim da reunião, amanhã:
“A razão disso é a mudança esperada para os juros nos EUA, que influencia o diferencial de retorno entre ativos denominados em dólar e ativos em outras moedas. Taxas mais altas nos EUA atraem investidores estrangeiros, elevando a demanda por dólar. Quando o Fed corta os juros, esse diferencial se reduz e afeta a atratividade do dólar, especialmente em comparação com moedas de países emergentes que mantêm juros elevados, como o Brasil”, diz trecho de relatório.
Para Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual, o real também segue corrigindo a forte desvalorização que teve no último trimestre do ano passado. Em 2024, o dólar valorizou 27%. Só este ano o câmbio apresenta recuo de 14% no valor.
Para além disso, o analista vê a perspectiva de aumento no diferencial de juros entre o Brasil e os EUA atraindo investimentos no país:
— Estávamos subindo (a Selic), paramos em 15% e todo o mercado está precificando a manutenção até o fim do ano, enquanto os EUA deve iniciar o ciclo de cortes. O diferencial de juros é super atraente, então, de fato, há um carrego mais atraente de acordo com os nossos pares — afirma. A valorização de commodities relevantes na nossa balança nas últimas semanas, como o minério de ferro e a soja, também contribuem para a valorização do real.
Divulgado mais cedo, o desemprego na mínima histórica reforça a leitura de que o mercado de trabalho está apertado, o que contribui para um juro no atual patamar por mais tempo, aponta a Necton Markets:
"Tal contraste recomenda a manutenção de uma política monetária diligente, sobretudo à luz da permanência de riscos inflacionários relevantes no horizonte, como o período eleitoral que se avizinha", diz trecho de relatório divulgado nesta manhã pelos economistas Gustavo Gonzaga e Sofia Lucena.

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