O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o discurso de abertura da Conferência do Clima da ONU para mandar recados ao mundo desenvolvido.
Sem citar nomes, Lula criticou a corrida armamentista na Europa, que tem drenado recursos do orçamento dos países membros da UE, fazendo com que os repasses para a agenda climática fiquem comprometidos. Um dos principais objetivos do governo brasileiro é garantir os aportes financeiros do mundo desenvolvido para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
“Se os homens que fazem guerra estivessem nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar 1,3 trilhão de dólares para a gente acabar com o problema climático do que colocar 2,7 trilhões para fazer guerra como fizeram no ano passado”, disse Lula.
O Brasil é aliado da Rússia, nos Brics, razão pela qual mantém uma postura pouco crítica a Vladimir Putin, que invadiu a Ucrânia e desestabilizou o continente.
Em seu discurso, Lula também aproveitou para espetar nações que se negam a colaborar com o combate ao aumento da temperatura no planeta, em função de uma visão negacionista do problema. Novamente, não houve citações nominais, mas o recado colide com a postura norte-americana.
Por ordem de Donald Trump, os Estados Unidos deixaram o Acordo de Paris e se negaram a mandar delegações para a Conferência. O presidente americano já deu diversas declarações desacreditando estudos que apontam para o aquecimento global.
“A COP30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidencias da ciência, mas também os progressos do multilaterais. Eles controlam os algorítimos, semeiam o ódio, espalham medo, atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, afirmou Lula, que foi aplaudido neste momento.
O presidente brasileiro também tratou de justificar a realização da COP em Belém. A escolha de uma cidade localizada na Amazônia foi estratégica, para que os delegados conhecessem a maior floresta tropical do mundo. No entanto, problemas de hospedagem e preços inacreditavelmente altos trouxeram percalços de organização.
“Seria mais fácil fazer a COP30 em uma cidade acabada, que não tivesse problemas. Mas aceitamos fazer a conferencia em um estado da amazônia, para provar que com disposição política, vontade e compromisso com a verdade, a gente prova que não tem nada que seja impossível para o homem”, disse Lula, destacando que se tratar do bioma mais diverso da Terra e casa de quase cinquenta milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas”, disse.
Antes de iniciar o discurso, em tom informal, Lula recomendou que os delegados provassem pratos típicos da região, principalmente a maniçoba. Feita com folhas de mandioca, a iguaria precisa ser cozida por até sete dias para que substâncias tóxicas sejam eliminadas. Conhecido como feijoada do nordeste, o prato leva ainda carne seca, linguiça e chouriço.

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