Rio – Ex-secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski se entregou à Corregedoria da corporação nesta terça-feira (8). O comparecimento aconteceu horas após o colegiado da 7ª Câmara Criminal do Rio cassar a tutela provisória que o mantinha em liberdade e ordenar o retorno dele ao sistema prisional.
A Polícia Civil informou que Turnowski se apresentou "voluntariamente". Contra ele, foi cumprido um mandado de prisão. Turnowski é acusado de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) divulgou que o réu deu entrada, na manhã de quarta (9), no Presídio José Frederico Marques, em Benfica. Após audiência de custódia, ele será transferido para a Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, onde estava até ser solto em 17 de junho passado.
Envolvimento com bicheiros e obstrução de justiça
Réu por associação criminosa, Turnowski foi preso inicialmente em setembro de 2022 em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ). A ação também teve como alvo o ex-delegado Maurício Demétrio, que já estava detido. À época, as investigações apontaram que o então secretário recebeu propina da contravenção e participou de um plano para matar o bicheiro Rogério Andrade.
Segundo o Gaeco, Turnowski atuava como agente duplo na disputa entre bicheiros e aproveitava seus vínculos com integrantes do grupo de Rogério de Andrade, como Ronnie Lessa, para repassar informações para Demétrio, em benefício da quadrilha liderada por Fernando Iggnácio. Os delegados ainda tratavam sobre recebimento de propina; vazamento de informações sobre investigações; meios de chegarem a cargos estratégicos na corporação; e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores.
Na ocasião em que foi preso, ele era candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL) e já havia sido afastado do cargo de secretário de Polícia Civil, por conta das eleições de 2022. A poucos dias do pleito, o ministro Nunes Marques concedeu liberdade a Turnowski e substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares. Antes, a Justiça já tinha negado três pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa dele.
Em novembro do mesmo ano, a Justiça aceitou a denúncia do MPRJ por obstrução de justiça, por ele atrapalhar as investigações contra uma organização criminosa que cobrava propina de comerciantes da cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Demétrio, a propósito, foi preso acusado de ser líder desse grupo.
As investigações apontaram indícios de que a dupla adotava técnicas e rotinas cuidadosas para evitar o rastreamento de conversas de conteúdo sensível. Os diálogos foram encontrados no celular de Maurício Demétrio. Contudo, o aparelho do ex-secretário nunca foi localizado.
Allan Turnowski estava há 27 anos na Polícia Civil quando foi preso, em 9 de setembro de 2022. Em sua passagem, foi diretor de Polícia da Capital e Especializada, além de titular das delegacias de Roubos e Furtos de Carga (DRFC); Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Também esteve à frente da Corregedoria Interna e da 16ª DP (Barra da Tijuca), além de várias distritais do interior do estado.
Ele responde a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). Segundo a Polícia Civil, a possibilidade de demissão ocorre somente ao término do PAD, como uma punição máxima. Pode ocorrer também uma condenação criminal, incluindo perda do cargo, depois de o processo transitar em julgado (quando não cabe mais recursos). Até o momento, não há decisão judicial neste sentido.
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